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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

ARTIGO - Capitalismo x Socialismo e o Capitalismo Social

Encontrei o artigo abaixo, de autoria do professor Miguel Fontes, numa consulta ao velho e bom amigo Google. Análise interessante sobre a conciliação das regras de mercado com a necessidade imposta neste século de completa revisão do modelo econômico a partir de um crescimento sustentável. Capitalismo Social? Não sei e sou neófito quando o assunto é desenvolvimento com sustentabilidade. Mas não me furto a pensar sobre o assunto.

"Não há como negar o eterno dilema das teorias outrora “modernas” sobre o desenvolvimento socioeconômico de um país. De um lado, o capitalismo de Adam Smith com suas teorias sobre Decisões Racionais, e do outro lado, o socialismo de Karl Marx com suas teorias sobre Conflito de Classe. Aliás, muitos morreram lutando e acreditando fielmente em uma dessas correntes como doutrina quase religiosa.

Chegamos ao Século XXI e o que vemos, na realidade, é que nenhuma das duas doutrinas isoladamente conseguiu trazer plena harmonia aos povos.
A resposta para um desenvolvimento mais pleno dos países parece estar na harmonização das duas teorias e no fortalecimento do conceito de Capitalismo Social. Quando o banqueiro de Bangladesh, Muhammad Yunus, ganhou o prêmio Nobel da Paz de 2006, com suas linhas de financiamento para a baixa renda, o mundo pôde conhecer um pouco mais sobre os benefícios de sistemas capitalistas que incorporam segmentos populacionais mais vulneráveis.


O Banco Mundial trabalha para a erradicação da pobreza no mundo para garantir a geração de riqueza econômica para os países. Tenho certeza de que o Banco Mundial não virou uma entidade socialista, muito pelo contrário, pois seus propósitos de livre mercado continuam intactos. Porém, não há como fortalecer sistemas políticos e econômicos sem a inserção de segmentos menos abastados no sistema econômico.

Uma outra teoria que se encaixa bem na nova corrente de Capitalismo Social é o próprio Marketing Social. Compreendendo as dinâmicas sociais; o preço para a adoção de novos conhecimentos, atitudes e práticas (CAPs); e a melhor distribuição desses CAPs para segmentos da população mais vulneráveis, não há como negar que as teorias de Marketing Social podem ser utilizadas como uma excelente ferramenta de inserção social, garantindo, ao mesmo tempo, a correta gestão dos programas sociais e a geração de riqueza econômica.

Outros termos e conceitos como Responsabilidade Social Empresarial (RSE), Desenvolvimento Sustentável e Investimento Social Privado (ISP), também se encaixam perfeitamente nessa fusão das teorias econômicas clássicas. No caso da RSE, demonstra-se que não há como as empresas privadas progredirem, sem definir estratégias claras em seus planos de negócios sobre a utilização de práticas e interfaces éticas com seus principais stakeholders, em relação ao desenvolvimento humano.


Empresas que apenas reforçam a lógica de que o social é problema do governo e o lucro é seu único objetivo, já viram claramente que seus negócios estão fadados ao fracasso quando crises financeiras ocorrem em nível global. Para o desenvolvimento sustentável e ambiental, todos os setores estão sentindo o impacto da falta de compromisso ambiental.

O aumento na incidência de doenças respiratórias, a mudança do clima e a falta de água e de outros recursos básicos já são realidade em todos os países do globo. Ou seja, não há mais como fortalecer as relações de mercado e de consumo, sem uma sustentável fonte de geração de riquezas que enfatizem o uso de recursos renováveis.

Finalmente, investimentos sociais privados (ISP) de empresas em comunidades com diversas necessidades sociais se fazem necessários para garantir a força de trabalho e o consumo de gerações futuras. Mesmo levando em consideração que pouquíssimas iniciativas que se intitulam ISP conseguem comprovar sua capacidade de geração de riquezas econômicas e redução das diferenças sociais, o ISP é hoje uma realidade do capitalismo do novo século.

Há outros diversos conceitos e teorias que podem fortalecer ainda mais essa lógica de fusão das clássicas teorias econômicas, como Capital Social, economia solidária, etc. O domínio dessa nova linguagem está se tornando essencial tanto para aqueles que querem trabalhar na iniciativa privada, como aqueles que desejam fortalecer as políticas e bens públicos".

(Miguel Fontes é Diretor da John Snow Brasil e PhD em Desenvolvimento de Alianças Público Privadas, Deptº de Saúde Internacional, Johns Hopkins University – SAIS)

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